“O
cálice de bênção que abençoamos não é comunhão com o sangue de Cristo?
O
pão que partimos não é comunhão com o corpo de Cristo”? (1Cor 10,16).
A celebração do Corpo de Cristo é o reconhecimento de uma
Presença, a real presença de Cristo Jesus nas espécies eucarísticas do pão e do vinho consagrados. Sim, nelas o Cristo morto e ressuscitado
encontra-se tão verdadeiramente presente! Ali já não há mais pão, não há mais
vinho, mas o Senhor Jesus, Cordeiro glorioso e imolado, no seu estado de eterna
imolação por nós.
Comungar o Corpo de Cristo e o Seu sangue é penetrar no
mistério de Sua presença dignificante absorver em nós Seus sentimentos... comungar
Seus sentimentos (Fl 2,5), é fazer nossas as suas opções, convertendo nossa
vida em doação ao Pai e aos irmãos, partilhando nossa vida.
Ao comungar o Cristo Eucarístico, a pessoa de Cristo se
torna real e verdadeiramente como está no céu e a Trindade Santa passa a fazer
parte do cotidiano da pessoa, sendo o alimento espiritual que faz emergir a
disposição a partilhar. Por isto é contraditório receber Jesus eucarístico e
permanecer fechado no próprio egoísmo, insensível às necessidades das outras
pessoas.
A festa da partilha
eucarística deve ser prenúncio da festa da partilha no mundo.
Meditemos dez frutos ou
benefícios da Comunhão do Corpo de Cristo:
1. "Quem come minha carne e bebe meu
sangue permanece em mim e eu nele" (João, 6, 56). Este é o primeiro e
melhor fruto da comunhão sacramental: identificar-se plenamente com Nosso
Senhor Jesus Cristo, unir-se intimamente com Ele, ideal supremo do cristão.
2. Sendo a Eucaristia o alimento específico
da vida sobrenatural, precisamos nutrir-nos dela para perseverar e crescer
nessa vida. Do contrário, a vida se desaparecerá e tenderá a morrer.... Sem
comida material, o corpo declina e morre; sem o alimento celestial a alma não
vive sua filiação divina e se torna sem beleza, apagada.
3. A comunhão recebida dignamente aparta do
pecado e dá forças. Cristo entregou seu corpo e derramou seu sangue
precisamente "para o perdão dos pecados", segundo reza a fórmula da
consagração.
4.
O efeito da comunhão vai ainda mais
além: apaga os pecados veniais (pensemos que se a água benta já os apaga quanto
mais o Corpo de Cristo!), e é um antídoto contra o pecado mortal,
preservando-nos de cometê-lo.
5.
O amor, como virtude teologal infundida
no batismo, é reavivado e feito fecundo com o alimento eucarístico que é,
ainda, remédio. A comunhão exercita e faz operante a rainha das virtudes (a
caridade) e todas as demais.
6.
A comunhão que nos une a Cristo, também
nos incorpora plenamente ao corpo místico de Cristo que é a Igreja. “Para que todos sejam um,
assim como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, para que também eles estejam em
nós e o mundo creia que tu me enviaste. Dei-lhes a glória que me deste, para
que de tal maneira sejam um, como nós somos um: eu neles e tu em mim, para que
sejam perfeitos na unidade e o mundo reconheça que me enviaste e os amaste,
como amaste a mim” (João 17, 21-22.). "A Igreja vive da
Eucaristia", é o título da encíclica eucarística de São João Paulo II.
7.
O pão eucarístico se parte, reparte e se
comparte. E nestes gestos, os beneficiados são os pobres, os que o são de
espírito e os carentes. Não é esse o significado do lavatório dos pés que
precedeu à instituição da Eucaristia no Cenáculo? A comunhão nos impulsiona a
ser serviçais com os mais necessitados, e também nos impulsiona a partilhar o
que temos.
8. Que "todos sejam um" (João 17,
21) disse Jesus. Pelo vínculo com os demais na verdade e no amor fraterno se
chega à unidade tão anelada. Enquanto os cristãos que não são católicos (que
não vivem portanto, a unidade e o amor pleno) não se unam entre si e com os
católicos romanos, o desejo de Jesus seguirá pendente. Por isso é preciso
oferecer comunhões, rezar e trabalhar para que todos os cristãos, possam celebrar
sem divisão o único banquete. “Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes
a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós
mesmos” (João 6,53).
9.
Mas para estar unidos, antes temos que
reconciliar-nos. E como não se podem mesclar ecleticamente o mal e o bem, o mal
deve reconhecer os direitos do bem e ceder diante dele. Temos que dissolver a
discórdia, entrar em harmonia e estabelecer a paz. A comunhão é garantia e
prenda da reconciliação, já que nos limpa do pecado, nos ajuda a crescer na
graça e nos abre aos demais.
10.
Por fim, a comunhão é semente de eternidade,
de vida gloriosa. Já nos tempos apostólicos dizia Santo Inácio de Antioquia que
o pão eucarístico é "fármaco de imortalidade e antídoto para não
morrer". Este é um dos mais consoladores ensinamentos do Evangelho:
"o que come minha carne e bebe meu sangue tem Vida eterna, e eu o
ressuscitarei no último dia" (João 6, 54).
A
vista destes benefícios, nada melhor que a assiduidade à comunhão sacramental:
alimento, medicina e escudo protetor; pão do céu que, como diz a oração, tem um
sabor incomparável. Entretanto, que não se descuide a confissão antes de
aproximar-se da Sagrada Comunhão.
[Reflexão
feita por Marcos Tadeu (Aparições de Jacareí), com algumas inclusões minhas]
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