Tipos e significados da palavra “AMOR”
A palavra amor tem diversos significados como afeição, compaixão, misericórdia, ou ainda, atração, paixão, querer bem, satisfação, conquista, desejo, libido, etc. Vive-se o amor em todas as fases da vida, com nuances diferentes em cada fase, mas que vai se evoluindo à medida que vamos nos amadurecendo fisiologicamente, psicologicamente e espiritualmente.
Na língua portuguesa temos apenas uma palavra para amor (e a palavra é amor mesmo), e que é usada para descrever todas as nossas preferências. Falamos que amamos futebol, amamos pão de queijo, amamos a música... … amamos a mãe… e, num piscar de olhos, usamos a mesma palavra para dizer que amamos a Deus, os irmãos…
A língua grega têm quatro palavras diferentes para definir amor: EROS, STORGE, FILIA E ÁGAPE.
Mas existe outros estudos e pesquisas modernas, de renomados autores como o canadense Jonh Allan Lee - “Love Styles” (1988),e Anna Patricia C. Bogado, que nos mostram derivações desses significados gregos e apontam alguns conceitos modernos quais sejam: Pornéia, Amor Físico (desejo sexual), Ludos, Pragma e Maniae, ainda, o já conhecido Amor Platônico.
1. PORNEIA
Amor da criança pela mãe, que só recebe.
É daí que deriva a pornografia. O pornô é aquele amor que não tem compromisso algum. É o contato com o objeto. O que importa é a satisfação imediata. Ainda encontramos homens e mulheres de cinquenta anos que amam como bebes, devoradores. Não evoluíram.
É fácil encontrarmos hoje em dia uma dinâmica coletiva consumista e devoradora, segundo a qual tudo e todos transformam-se em objetos a serem consumidos, devorados, para alimentar o bebe interno, num gesto que condena uma pessoa a repetição incessante... porque trata-se de um vazio que nunca se preenche.
Na pornografia, o principio de Eros, o erotismo que empresta energia, prazer, fantasia e a sexualidade reduzem-se a dimensão material do corpo, e de um corpo que se fragmenta em partes, para despertar e concretizar o desejo.
2. AMOR PLATÔNICO
O amor platônico é aquele que nunca se concretiza. "Platônico" vem de Platão, justamente porque o filósofo grego acreditava na existência de dois mundos, o das idéias, onde tudo seria perfeito e eterno, e o mundo real, finito e imperfeito, mera cópia mal acabada do mundo ideal.
É um amor à distância, que não se aproxima, não toca, não envolve, é feito de fantasias e de idealização, onde o objeto do amor é o ser perfeito, detentor de todas as boas qualidades e sem defeitos
Segundo a psicanalista Heidi Tabacof, o amor platônico revela uma dose de imaturidade emocional, à medida que nunca experimenta os limites e as frustrações de uma relação concreta. "Psiquicamente, ele reproduz o amor infantil pelos pais, vistos como figuras perfeitas e supervalorizadas", diz ela, lembrando que nos dois casos a sexualidade está interditada. "O amor platônico é sempre casto." Como toda experiência amorosa, essa também pode servir ao autoconhecimento. Para a especialista, "o aspecto positivo do amor platônico surge quando ele estimula a reflexão sobre os motivos que impedem a pessoa de ter uma relação madura consigo mesma e com o outro".
3. AMOR FÍSICO PRIMITIVO (desejo sexual, do grego EPITHUMIA)
Na atração física reside os nossos instintos atrelados ao nosso estado fisiológico como as necessidades sexuais, prazer e perpetuidade da espécie. Sentimento muitas vezes descontrolado e egoísta que enclausura o homem nas trincheiras do seu ego. Evolui para a paixão que é o EROS.
4. LUDOS
É o tipo de amor em que a relação com o outro é casual e passageira. É muito bom enquanto dura. É o principal motivo da onda do “ficar”. A pessoa que é movida por esse tipo de amor é capaz de flertar com diferentes pessoas no mesmo período de tempo. O que importa é o prazer da sedução e da conquista. E assim, o que importa é o momento em que você está com a pessoa que quer, depois parte-se para outra. “As promessas são válidas apenas no momento em que são apresentadas, e não no futuro. Afirmação típica de quem tem esse tipo de amor: ‘Eu gosto de jogar o jogo do amor com diferentes parceiros simultaneamente’”- [Jonh Allan Lee - “Love Styles” (1988)]
5. PRAGMA (do grego, "prática", "negócio" - composto de Ludos e Estorge)
Amor interessado em fazer bem a si mesmo, Amor que espera algo em troca.
As principais características desse tipo são: planejamento e avaliação. Antes de começar o relacionamento, leva-se em conta na escolha, aspectos como, compatibilidade e satisfação mútua das necessidades, de maneira que “as pessoas desse estilo examinam os pretendentes para ver se atendem a uma série de expectativas antes de se envolver com eles.”
Seria uma forma de amor que prioriza o lado prático das coisas. O indivíduo avalia todas as possíveis implicações antes de embarcar num romance. Se o namoro aparente tiver futuro, ele investe. Se não, desiste. Cultiva uma lista de pré-requisitos para o parceiro ou a parceira ideal e pondera muito antes de se comprometer. Procura um bom pai ou uma boa mãe para os filhos e leva em conta o conforto material. Está sempre cheio de perguntas. O que será que a minha família vai achar? Se eu me casar, como estarei daqui a cinco anos? Como minha vida vai mudar se eu me casar?
6. MANIA (composto de Eros e Ludos) – As principais características desse tipo são: insegurança, possessividade e ciúme. A emoção gerada é quase obsessiva a ponto da pessoa querer ficar o tempo todo com o outro e está sempre exigindo uma prova de amor. Está sempre tentando atrair a atenção do outro em busca de afirmação. [Jonh Allan Lee - “Love Styles” (1988)]
Na verdade os conceitos anteriores são derivados do conceito grego que veremos a seguir:
7. EROS
Amor pelo grande, pelo belo, pelo desejo, amor do homem para a mulher. É aquele amor que desperta a paixão, é o amor que aproxima dois seres, desencadeando uma série de sensações agradáveis. Mas este não é passageiro como a paixão. É o amor do inferior pelo superior, o amor pela beleza, o amor pelo corpo. Se não passar de um amor pelo corpo para um amor pela alma, a pessoa fica presa no amor porneia. Não da para ter só um amor animal, somos também anjos. O duro é reconhecermos esse nosso lado pois ainda somos animais. É também o amor do carente.
Pode surgir à primeira vista. Sente atração imediata, principalmente por causa da aparência da outra pessoa, e é motivado por interesse sexual. Eros é a dimensão visceral do amor. Carnal, ciumento, possessivo - demasiadamente humano. Mas Eros é também a busca pelo ideal de beleza por meio da contemplação do belo. Recordação, saudade, carinho: platonismo. A beleza da alma.
É carregado de paixão e se expressa também no entusiasmo quando se comemora calorosamente uma vitória, como no futebol.
Mas Eros é uma forma de amar egoísta, nele está o sentimento de posse e só sobrevive enquanto dá prazer.
8. STORGE
Esse tipo de amor é o amor dos laços familiares, é o amor de família... de pais para com os filhos, dos filhos para com os pais, dos parentes entre si.
Mas, o problema desse amor, entretanto, é que ele é frágil, ele se quebra. Tem acontecido com algumas famílias, passar por uma dificuldade, e esse amor acaba... quantos filhos que não procuram ver os pais? ...quantos parentes que se tornaram inimigos dos seus próprios parentes!
9. FILIA
Amor de partilha, de intercâmbio, que espera algo em troca, o amor do homem com seu irmão, sua família, amigos. É amar o outro enquanto o outro.
Deriva de filia: filantropia (amor pela humanidade); filosofia (amor pela sabedoria ou amigo da sabedoria)
Porém o amor filia tem suas deficiências: O amor acaba na medida que não é correspondido, porque existe enquanto troca...exige retorno.
10. ÁGAPE
(amor divino, espiritual)
Todas as dimensões do amor conduzem a Ágape. Amor que se alimenta da fé e é iluminado pela revelação. Ágape é também caridade. Maior das virtudes teologais, a caridade está sempre aberta à pluralidade, ao diálogo com o outro e ao respeito às diferenças. Amor incondicional. A medida de amar é amar sem medida (dito de Stº Agostinho).
Antes da era cristã não era muito comum e nem de muito significado... Mas, a partir do nascimento de Jesus essa palavra ganhou importância, porque Deus escolheu ÁGAPE para falar do seu amor por nós. E ela se tornou a palavra principal do Novo Testamento, usada, por exemplo, em Jo 3.16: “Porque Deus amou o mundo tanto, que deu o seu único Filho, para que todo aquele que nele crer não morra, mas tenha a vida eterna”.
É precisamente esse tipo de amor agápico, que é usado em 1Co 13, conhecido como o grande capítulo do amor.
Só o ser que atingiu um certo grau de maturidade humana e espiritual está capacitado para doar a si mesmo, que define a expressão do amor. Se amor é doação, a pessoa frustrada no amor não será precisamente aquela que "não recebe", e sim aquela que "não se dá".
Existe ainda uma outra denominação para ágape como o amor oblativo de quem procura exclusivamente o bem do próximo.
Pode-se entender o ágape como uma evolução do amor, onde o amor deixa de ser um simples sentimento e passa a ser uma decisão da pessoa amadurecida espiritualmente, como se a prática de um amor de reciprocidade se esgotasse e progredisse para um novo renascer que tende a purificação à verdade em si.
No que diz respeito a sexualidade pode-se entender como uma relação que chegou ao clímax, o ponto culminante, com tal intensidade, que explode, não cabendo em si explode e daí surge nova vida, gerando o filho, fruto dessa relação. Não é o filho o fruto do amor entre um homem e uma mulher? Pelo menos deveria ser. Pena que o sexo, pelo fato de proporcionar prazer, seja tão banalizado e usado pelo simples prazer, sem saber o quanto há de puro num ato que transcende o humano porque foi planeado por Deus, no humano de maneira singular, porque só ao humano é capaz de proporcionar prazer, além de possibilitar perpetuar a espécie humana. No caso dos animais não há sexualidade, há cruzamentos para continuidade e manutenção da espécie, não perpetuidade no sentido de eternidade.
Existem diversas etapas na vida do ser humano que lhe vão preparando para atingir a possibilidade de viver o amor maduro. Todas deverão ser vividas em plenitude. Para chegar ao amor maduro e enriquecedor, devemos percorrer um longo caminho:
Paulo fala que o marido deve amar a esposa como Cristo amou a igreja (Efésios 5:25), isso é amor Ágape. É algo sério! É estar disposto a dar a própria vida pela mulher. Acho até que isso serve como base para afirmar que um relacionamento com maior chance de sucesso é aquele em que o homem ama muito mais do que a mulher. O coração masculino talvez careça de mais loucura no amor para derreter do que o feminino. O apóstolo também deixa claro que o corpo do homem pertencerá à sua mulher e vice versa (1 Coríntios 7:2-4), esse amor do corpo é Eros e pede que nem o marido nem a esposa abandone um ao outro (1 Coríntios 7:10), isso é Filia. Assim, um amor sadio, belo e delicioso é a combinação de todos esses tipos em um só de forma equilibrada. Qualquer exagero em um dos tipos pode acabar em sofrimento e inconvenientes...
Se desejar compartilhar no formato de imagem, aqui está uma sugestão:
Sites Pesquisados:
http://www.esperanca.com.br/familia/vida-a-dois/tipos-de-amor/ Jonh Allan Lee - “Love Styles” (1988),
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