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domingo, 22 de fevereiro de 2015

ORAÇÃO E MEDITAÇÃO



Silêncio e Meditação 
Há de Ser Acompanhado Por Oração




Quando Jesus estava preparando os discípulos para o Seu retorno ao Pai falou-lhes a respeito do Espírito Santo que Ele enviaria para conduzir as suas ações e de todos nós, para esclarecer a respeito das coisas, para nos dar a competência em nossas relações com as coisas e as pessoas, enfim, para nos reconciliar com a nossa natureza divina que Deus nos dotou, espelhando-nos em Jesus (vide João 14, 15 e 16, o Paráclito). Mas precisamos nos silenciar para ouvir a voz de Cristo em nós.

Fazer silêncio não é simplesmente calar a voz, mas calar-se para os rumores, tanto externos quanto internos que constantemente nos roubam a atenção e nos impedem de perceber os sinais de Deus na realidade. Silenciar é, antes de tudo, colocar-se em escuta, escuta interior, mas conduzida pelo Espírito Santo de Deus. Deus, constantemente nos manda sinais de alerta para o nosso bem e quase sempre não o percebemos. Por isto precisamos nos calar, nos afastar do barulho, para perceber estes sinais. Mas não basta-nos perceber os sinais, temos que agir de acordo com estes sinais em nossa realidade, tendo como foco o Evangelho que Jesus nos deixou. Se não nos mover de nada adiante perceber os sinais, que são realidades as quais convivemos com elas, mas temos dificuldade de aceitá-las e constantemente nos tira a paz interior. Quando nos silenciamos e ouvimos a voz do Espírito Santo em nós não só tomamos consciência da realidade, mas nos tornamos dóceis para fazer o que deve ser feito, porque somos esclarecidos da verdade divina e somos tomados de infinito amor que o Espírito de Deus nos passa. É como se despertássemos de um sono numa nova pessoa, com coragem e pronta para realizar a vontade de Deus em nós – o “faça-se” de Maria e de Jesus. Podemos dizer que o interior diz o que fazer para que o exterior o realize.

Jesus experimentou o silêncio. Os quarenta dias no deserto ocorreu logo após o seu batismo. O texto de Marcos 1, 12-13 diz que Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto e lá permaneceu quarenta dias, onde foi tentado pelo demônio. Isto nos leva a crer que Jesus precisava viver a experiência do silêncio num lugar desabitado, no deserto para alcançar o Ser e se instruir, para poder realizar a sua missão, a missão que o Pai Lhe incumbira, de pregar o Seu Evangelho, e lançar os alicerces do Reino de Deus.

O Espírito que conduziu Jesus é o mesmo Espírito que apareceu a João em forma de pomba no ato do Batismo de Jesus e disse: “Tu és o meu filho muito amado, em ti ponho minha afeição”. Significa que o Espírito é o próprio Deus.

Quando Jesus iniciou a pregação, suas primeiras palavras foram: “O tempo atingiu a sua plenitude...” (Marcos 1,15). Isto significa dizer que as expectativas do passado encontraram sua plena realização. A plena realização é a vinda de Deus ao homem, é Deus que assume a história do homem para dar-lhe sentido à vida, oferecer-lhe a salvação que possibilita-lhe viver plena comunhão com o seu Criador. E isto não deixa dúvidas de que Jesus é o próprio Deus que assume a forma humana.

A vida de Jesus, todas as Suas ações servem de parâmetros para nós humanos. Então, podemos entender o silêncio, ou o deserto como uma necessidade humana de conectar com as forças do Espírito Santo no interior de nós mesmos, principalmente quando temos que tomar decisões importantes. O número quarenta não precisa ser interpretado na forma literal, representa um período. Mas não é um tempo de meditação ou introspecção meditativa, a fim de apenas se conectar com as forças do interior, o interior humano, como o exterior é humano e não tem força alguma, qualquer espírito, mesmo o demônio tem mais força que o humano. O que torna o humano forte é o Espírito Santo que o assiste e este é o maior dom que Jesus trouxe ao ser humano: o Espírito Santo atua em seu interior e faz morada dentro dele, se ele O desejar e fizer por merecer. O batismo cristão e a Eucaristia são uma grande fonte do Espírito Santo, porque foi Jesus que os instituiu dizendo aos discípulos para levar o Evangelho a todas as criaturas do mundo e batizasse-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. A Eucaristia Jesus a instituiu na última ceia com os apóstolos. A última ceia é tremendamente significativa, e dentre as coisas que form ditas por Jesus a Eucaristia é a  mais importante delas, onde Ele se coloca como alimento espiritual para a humanidade “Tomai, comei; isto é o meu corpo...bebei, é o meu sangue... derramado em favor de vós” (Mateus 26,26-28).

Assim, é entendido e ensinado pela Igreja Católica que, ao ser batizada a pessoa passa a fazer parte da família de Deus. Isto é um mistério grandioso, uma graça do próprio Deus para a sua criatura, é a impressão da imagem e semelhança com o Criador que torna pública, conhecida pelas pessoas e reconhecida por Deus. Podemos entender que o batismo torna patente a imagem e semelhança com o nosso Criador que já existia desde e sempre em nós, mas que agora torna manifesto. E a Eucaristia é maneira mais excelente de conexão com Deus em Jesus, o Qual nos dota de tudo o que necessitamos para caminharmos em espírito e verdade com Deus e os homens.

Podemos assim, entender a dimensão e importância do batismo. Temos, ainda que considerar o fato de que Jesus foi levado ao deserto após o seu batismo dando-nos a entender que o batismo é condição para que o Espírito Santo assuma o controle sobre nós. Mas é um controle que só ocorre quando nos permitimos, não por um consentimento nosso apenas, mas assumimos na nossa vida as práticas cristãs de generosidade e bondade que Cristo nos ensinou, e que são universais, porque já estão impressas no coração, do homem o qual anseia por bondade, justiça e beleza.

Contudo, é importante entendermos que Deus não faz distinção de ninguém e enviou o Filho Jesus para todos. A Sua redenção alcança a todas as criaturas do mundo e há outros fatores que habilitam a pessoa a receber os dons de Deus. Na verdade o batismo é algo que exige da pessoa acolhimento na própria vida dos ensinamentos de Jesus, sem o qual a pessoa não é reconhecida como discípula de Jesus. Sabemos que existem muitas pessoas de outras religiões não cristãs, ou mesmo sem vínculo com qualquer religião, que praticam os ensinamentos de Jesus na vida. Não podemos esquecer que os ensinamentos de Jesus são vivências morais universais e Jesus é o próprio Deus que veio na forma humana, nascido de um povo, em um lugar geograficamente escolhido, sem, no entanto privilegiar ninguém. Jesus é Deus e como tal é ecumênico.


Agora, voltando ao assunto meditação e oração, a meditação por si só, pode ser perigosa e causar à pessoa confusão mental ou espiritual ou as duas, se não for devidamente conduzida pelo Espírito Santo. Temos no exemplo de Jesus um dado importante. Mesmo tendo sido Ele conduzido pelo Espírito ao deserto Ele foi tentado pelo demônio ao qual não se submeteu, porque o seu estado de pureza era tal que o demônio não tinha nenhum poder sobre Ele. Ele era Deus e mesmo em sua humanidade tinha esse imenso fator de proteção do Pai. Mas o ser humano é pecador e está propenso a se sucumbir às tentações do demônio. O texto bíblico diz ainda que "ele esteve acompanhado por animais selvagens e os anjos o serviam".

Baseados na experiência de Jesus podemos raciocinar que qualquer meditação deve ser acompanhada por orações profundas a Deus. Maria a mãe de Jesus, insistentemente, em suas aparições pelo mundo tem aconselhado a oração do rosário,   simples, fácil e acessível a todos, como forma de impedir qualquer ação do demônio. Ela tem alertado em suas aparições para um aspecto importante de que o inimigo é real e sempre está nos espreitando para sugestionar, e causar confusão em nossas mentes; qualquer pecado nosso Ele se aproveita e introduz com as suas ações para nos fazer perder e nós nem percebemos, nos confundimos e acabamos tomando decisões precipitadas, que tiram a nossa paz, nos tornamos infelizes e até adoecemos. Para nos libertar dessas influências e nos harmonizar conosco mesmos precisamos nos encontrar com Deus, e Maria nos orienta a não esquecer de que temos a nosso dispor essa imensa fonte de forças e luz que é a EUCARISTIA, a presença de Jesus para nos auxiliar e fortalecer em tudo o que precisamos. Nem todos podem fazer silêncio prolongado e nem é necessário, porque o Espírito Santo fala-nos também através da nossa fé, durante nossas orações mesmo que pequenas, mas constantes e através da meditação de Suas Palavras na Bíblia, principalmente no Evangelho de Jesus, através dos quatro evangelistas, Mateus, Marcos, Lucas e João. A Igreja Católica nos dá a possibilidade da Liturgia Diária, que nos orienta à meditação e temos a nosso dispor diariamente esta Palavra meditada pela TV e pela Internet. Isto é uma grande riqueza para aqueles que desejam ser guiados pela Fé e mesmo as pessoas que não sabem ler podem participar, ouvindo.

Concluindo, deve-se lembrar da extrema importância de avaliar as nossas ações, cada ação nossa. Para sabermos se estamos no caminho certo é preciso que observemos em nossas reações em relação ao meio em que vivemos: quando estão sendo realizadas de acordo com a vontade de Deus reagimos em paz e a paz se faz presente também com os que convivem conosco, mas se ficamos confusos e inseguros é preciso que busquemos mais o discernimento em oração para que o Espírito de Deus nos oriente a melhor atitude. Deus jamais esquece de nós e jamais deixa de nos atender, mas Ele conta conosco não apenas de uma forma unilateral, parcial, Ele espera que a nossa atitude se estenda a outras pessoas para o bem delas e não apenas nosso. Não podemos esquecer que Jesus nos ensinou a chamar a Deus de PAI NOSSO, não pai meu. E tudo que Deus nos comunica individualmente é para todos que nos rodeiam, “TODOS”, sem exceção. 
Geovani
26/02/2015




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