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segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

São João da Cruz - Santo e Doutor da Igreja


Grande mestre da vida espiritual, transformou todas 
as cruzes em meios de santificação 
para si e para os irmãos.



São João da Cruz, grande místico e Doutor da Igreja, foi um jovem padre a quem Santa Tereza d’Avila de Jesus apostou em seus ideais divinos e fez dele seu conselheiro. Dotado de uma fé intensa e prodigiosa, um grande reformista, reformou o Carmelo e fundou os Carmelitas descalço. Seus ideais reformistas fizeram com que sofresse perseguições dos próprios irmãos na fé, no que Ele não se esmoreceu pois sempre contou com a ajuda de Deus que colocou Santa Tereza em seu caminho, pois ela precisava dos conselhos dele e de sua ação, para fazer as reformas no Carmelo que desejava.
Sua poesia angelical, celestial e divina, é ardente de paixão, e de uma elegante e delicada forma de expressar. Quando nos dedicamos em sua leitura intuímos que por aquelas frases profundas e de tanta beleza, ali passou o Espírito de Deus.

Biografia

Seu nome de batismo era Juan de Yepes. Nasceu em Fontivaros, na província de Ávila, Espanha, em 1542, talvez em 24 de junho. Ainda na infância, ficou órfão de pai, Gonzalo de Yepes, descendente de uma família rica e tradicional de Toledo. Mas, devido ao casamento, foi deserdado da herança. A jovem, Catarina Alvarez, sua mãe, era de família humilde, considerada de classe "inferior". Assim, com a morte do marido, que a obrigou a trabalhar, mudou-se para Medina, com os filhos.

Naquela cidade, João tentou várias profissões. Foi ajudante num hospital, enquanto estudava gramática à noite num colégio jesuíta. Então, sua espiritualidade aflorou, levando-o a entrar na Ordem Carmelita, aos vinte e um anos. Foi enviado para a Universidade de Salamanca a fim de completar seus estudos de filosofia e teologia. Mesmo dedicando-se totalmente aos estudos, encontrava tempo para visitar doentes em hospitais ou em suas casas, prestando serviço como enfermeiro.

Ordenou-se sacerdote aos vinte e cinco anos, mudando o nome. Na época, pensou em procurar uma Ordem mais austera e rígida, por achar a Ordem Carmelita muito branda. Foi então que a futura santa Tereza de Ávila cruzou seu caminho. Com autorização para promover, na Espanha, a fundação de conventos reformados, ela também tinha carta branca dos superiores gerais para fazer o mesmo com conventos masculinos. Tamanho era seu entusiasmo que atraiu o sacerdote João da Cruz para esse trabalho. Ao invés de sair da Ordem, ele passou a trabalhar em sua reforma, recuperando os princípios e a disciplina.

João da Cruz encarregou-se de formar os noviços, assumindo o cargo de reitor de uma casa de formação e estudos, reformando, assim, vários conventos. Reformar uma Ordem, porém, é muito mais difícil que fundá-la, e João enfrentou dificuldades e sofrimentos incríveis, para muitos, insuportáveis. Chegou a ser preso por nove meses num convento que se opunha à reforma. Os escritos sobre sua vida dão conta de que abraçou a cruz dos sofrimentos e contrariedades com prazer, o que é só compreensível aos santos. Aliás, esse foi o aspecto da personalidade de João da Cruz que mais se evidenciou no fim de sua vida.

Conta-se que ele pedia, insistentemente, três coisas a Deus. Primeiro, dar-lhe forças para trabalhar e sofrer muito. Segundo, não deixá-lo sair desse mundo como superior de uma Ordem ou comunidade. Terceiro, e mais surpreendente, que o deixasse morrer desprezado e humilhado pelos seres humanos. Para ele, fazia parte de sua religiosidade mística enfrentar os sofrimentos da Paixão de Jesus, pois lhe proporcionava êxtases e visões. Seu misticismo era a inspiração para seus escritos, que foram muitos e o colocam ao lado de santa Tereza de Ávila, outra grande mística do seu tempo. Assim, foi atendido nos três pedidos.

Pouco antes de sua morte, João da Cruz teve graves dissabores por causa das incompreensões e calúnias. Foi exonerado de todos os cargos da comunidade, passando os últimos meses na solidão e no abandono. Faleceu após uma penosa doença, em 14 de dezembro de 1591, com apenas quarenta e nove anos de idade, no Convento de Ubeda, Espanha.

Deixou como legado sua volumosa obra escrita, de importante valor humanístico e teológico. E sua relevante e incansável participação como reformador da Ordem Carmelita Descalça. Foi canonizado em 1726 e teve sua festa marcada para o dia de sua morte. São João da Cruz foi proclamado doutor da Igreja em 1926, pelo papa Pio XI. Mais tarde, em 1952, foi declarado o padroeiro dos poetas espanhóis.


Obras de São João da Cruz 

Há uma famosa obra de São João da Cruz “NOITE ESCURA DA ALMA”, Poema e Tratado, que narra a jornada da alma desde a sua morada carnal até a união com Deus. “Noite Escura”, porque a escuridão representa as dificuldades da alma em desapegar-se do mundo e atingir a luz da união com o Criador. Há vários níveis nesta escuridão atados em sucessivos estágios. A ideia principal do poema pode ser vista como sendo a dolorosa experiência que as pessoas têm de suportar ao buscar crescimento espiritual e a união com Deus.
A obra é dividida em dois livros que referem-se a dois estágios da escuridão da noite. O primeiro é a purificação dos sentidos. O Segundo e o mais intenso de ambos é o da purificação do espírito, que é também o mais difícil de ser atingido. A “Noite Escura da Alma” ainda descreve os dez níveis na progressão em direção ao amor místico, tal como fora descrito por São Tomás de Aquino e, em parte, por Aristóteles. O poema foi escrito no período em que João da Cruz esteve preso devido a seus irmãos carmelitas não aceitarem suas reformas na Ordem do Carmo. O tratado foi escrito posteriormente e consiste em um comentário teológico sobre o poema, explicando cada um dos níveis mencionados em seus versos.
Este poema tem inspirado alguns artistas pelo mundo, com um destaque para a cantora canadense Loreena McKennitt que transformou o poema Dark Night of the Soul em música no álbum The Mask and Mirror, uma bela música e interpretação.

Deixo aqui o canto número 1 dos maravilhosos Cânticos Espirituais. São exercícios da alma para atingir a perfeição e estar apta ao matrimônio com Deus:


Que mais queres, ó alma,
e que mais procuras
fora de ti,
se dentro de ti
tens as tuas riquezas,
os teus deleites,
a tua satisfação...,
o teu Amado,
Aquele que a tua alma
deseja e busca?

Rejubila-te e alegra-te
no teu recolhimento
interior com Ele,
pois o tens tão perto.


São João da Cruz - Cânticos espirituais - canto 1


As frases de São João da Cruz, são de muita profundidade e nos ajudam a discernir o caminho que leva a Deus. São verdadeiros conselhos para quem deseja alcançar o caminho da santidade.


Confira um pouco de sua riqueza espiritual expressa nestas frases:


1. “A mosca que pousa no mel não pode voar; a alma que fica presa ao sabor do prazer, sente-se impedida em sua liberdade e contemplação.”


2. “Meus são os Céus e minha é a Terra, meus são os homens, e os justos são meus; e meus os pecadores. Os Anjos são meus, e a Mãe de Deus, todas as coisas são minhas. O próprio Deus é meu e para mim, pois Cristo é meu e tudo para mim.” (Sobre a Eucaristia)


3. “Não faça coisa alguma, nem diga palavra alguma que Cristo não faria ou não diria se encontrasse as mesmas circunstâncias.”


4. “A pessoa que está presa por algum afeto a alguma coisa, mesmo pequena, não alcançará a união com Deus, mesmo que tenha muitas virtudes. Pouco importa se o passarinho esta com um fio grosso ou fino… ficará sempre preso e não poderá voar.”


5. “O demônio teme a alma unida a Deus como ao próprio Deus.”


6. “O afeto e o apego da alma à criatura torna-a semelhante a esta mesma criatura. Quanto maior a afeição, maior a identidade e semelhança, porque é próprio do amor tornar aquele que ama semelhante ao amado.”


7. “Dar tudo pelo tudo.”


8. “A pessoa que caminha para Deus e não afasta de si as preocupações, nem domina suas paixões, caminha como quem empurra um carro encosta acima.”


9. “A constância de ânimo, com paz e tranqüilidade, não só enriquece a pessoa, como a ajuda muito a julgar melhor as adversidades, dando-lhes a solução conveniente.”


10. “O amor não consiste em sentir grandes coisas, mas em despojar-se e sofrer pelo amado.”


11. “Deus quer mais de ti um mínimo de obediência e docilidade, do que todas as ações que realizas por ele.”


12. “Quando a alma se acha livre e purificada de tudo, em união com Deus, nenhuma coisa poderá aborrecê-la. Daqui se origina para ela, neste estado, o gozo de uma contínua vida e tranqüilidade, que ela nunca perde nem jamais lhe falta.”


13. “Tal é a alma que está enamorada de Deus. Não pretende vantagem ou prêmio algum a não ser perder tudo e a si mesma, voluntariamente, por Deus, e nisto encontra todo seu lucro.”


14. “Não fujas dos sofrimentos, porque neles está a tua saúde.”


15. “A mosca que pousa no mel não pode voar; a alma que fica presa ao sabor do prazer, sente-se impedida em sua liberdade e contemplação.”


16. “Deus é inacessível. Não repares, portanto, no que as tuas faculdades podem compreender, nem teus sentidos experimentar, para que não te satisfaças com menos e assim perderes a presteza necessária para chegar a ele.”


17. "Tanto mais livre está a alma quanto mais unida a Deus".


18. “Mesmo que realizes muitas coisas, não progredirás na perfeição, se não aprenderes a negar a tua vontade e a sujeitar-te, deixando a preocupação de ti próprio e das tuas coisas.”


19. “Quem se queixa ou murmura não é cristão perfeito… nem mesmo um bom cristão…”


20. “Mesmo que realizes muitas coisas, não progredirás na perfeição, se não aprenderes a negar a tua vontade e a sujeitar-te, deixando a preocupação de ti próprio e das tuas coisas.”


21. “Quem se queixa ou murmura não é cristão perfeito… nem mesmo um bom cristão.”


22. “A sabedoria entra pelo amor, pelo silêncio e mortificação; grande sabedoria é saber calar e não olhar aos ditos nem feitos nem vidas alheias.”


23. “Para se enamorar duma alma não põe Deus os olhos na grandeza dela, mas na grandeza da sua humildade.”


24. “A alma que caminha no amor não se cansa.”


25. “Quem não procura a cruz de Cristo não procura a glória de Cristo.”


26. “Vive em solidão até achar a Deus.”


27. “Amar é trabalhar em despojar-se por Deus, de tudo o que não é Deus.”

 
28. “A enfermidade de Deus não se cura senão com a presença de Deus. Porque a saúde da alma é o amor de Deus e faltando-lhe esse amor, falta-lhe a saúde.”


29. “Aquele que ama Deus sobre todas as coisas, nada lhe impede fazer ou padecer por Ele seja o que for”.



30. “Nas tribulações e humilhações, comunica-se Deus com maior abundância e suavidade. Quanto maior é a esperança, tanto maior é a união divina; tanto se alcança de Deus, quanto N’Ele se espera”.


31. “Tanto mais livre está a alma quanto mais unida a Deus”. 


32. “Só os que morrem ao homem velho, merecem renascer filhos de Deus. O que morre a si e a todas as coisas, vive vida doce e saborosa de amor com Deus”.


33. “As maiores obras em que Deus mais se mostrou são as da Encarnação do Verbo e mistério da fé Cristã”.


34. “Para não perdermos a paz, devemos nos alegrar e não nos perturbar nas adversidades”. 


35. “Ao entardecer desta vida examinar-te-ão no amor. Aprenda a amar como Deus quer ser amado e deixa a tua condição”.


36. “Onde não existe amor coloca amor e amor encontrarás”.


37. "Nisto tens motivo de grande gozo e alegria, vendo como todo o teu bem - a tua esperança - se encontra tão perto de ti, ou melhor, está dentro de ti, e tu não podes viver sem ele."


38. "...Quem se queixa ou murmura não é cristão perfeito... nem mesmo um bom cristão..."


39. "Para possuir Deus plenamente, é preciso nada ter; porque se o coração pertence a Ele, não pode voltar-se para outro."


40. "Há uma distância infinita entre o ser divino e o ser das criaturas, por isso é impossível à inteligência, por si só, atingir a Deus."


41. "Quando tiveres algum aborrecimento e desgosto, lembra-te de Cristo crucificado e cala-te."



42. "Embora a alma tenha altíssimas revelações divinas, a mais elevada contemplação, a ciência de todos os mistérios... se lhe falta amor, de nada lhe servirá para unir-se a Deus."


43. "O afeto e o apego da alma à criatura torna-a semelhante a esta mesma criatura. Quanto maior a afeição, maior a identidade e semelhança, por que é próprio do amor tornar aquele que ama semelhante ao amado."


44. "O caminho da vida é de muito pouco ativismo e barulho. Requer mais mortificação da vontade do que muito sabe. Caminhará mais quem carregar consigo menos coisas e desejos."


45. "Quando tiveres teus desejos apagados, tuas afeições na aridez e angústias, e tuas faculdades incapazes de qualquer exercício interior, não sofras por isso; considera-te feliz por estares assim. É Deus que te vai livrando de ti mesmo, e tirando-te das mãos todas as coisas que possuis." 


 46. "O estado de união consiste na transformação total da vontade humana na divina, de modo que nela nada haja de contrário a essa vontade, mas seja sempre movida, em tudo, pela vontade de Deus. Por isso dizemos que, nesse estado, as duas vontades formam uma só - a de Deus."































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