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segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

DEUS - PRINCÍPIO E FIM DE TUDO - Livro Capítulo IV - RELIGIOSIDADE - Manifestação do Desejo de Deus na Sua Criatura

 


Capítulo IV

 

RELIGIOSIDADE

Manifestação do Desejo de Deus na Sua Criatura

O

 homem é, por natureza e vocação, um ser religioso. Vindo de Deus e caminhando para Deus, o homem não vive uma vida plenamente humana senão na medida em que livremente viver a sua relação com Deus.

A

o criar o homem à sua imagem, o próprio Deus inscreveu no coração humano o desejo de O ver. Mesmo que, muitas vezes, tal desejo seja ignorado, Deus não cessa de atrair o homem a Si, para que viva e encontre n’Ele aquela plenitude de verdade e de felicidade, que ele procura sem descanso (Catecismo da Igreja Católica – CIC 2). É por felicidade que nossa natureza clama sem cessar e nós a buscamos por caminhos diversos que nos parecem levar a conquistá-la.

 

 

O homem é busca por sentido, por algo que faça a vida valer a pena. Isto, porque a natureza do seu coração está ligada originalmente a seu Criador. E na sua busca por sentido está a busca por algo que dá explicação ao existir, que explique a existência do Universo, dos fenômenos da natureza, da vida e da morte.

O homem, em todos os tempos, na história dos povos, desde os povos primitivos procura relacionar-se com um Ser Superior que possa lhe responder às indagações da alma.

Pode ser observado em toda a história das civilizações, cada povo, a seu modo criou seus mitos. Através dos mitos se buscava elucidar a origem dos seus problemas existenciais. Esse caráter religioso do humano, que Deus colocou na sua criatura é como um sinal, um código, uma identificação com o seu Criador e do qual Deus Se vale para atrair as pessoas a Si.  E o sentido de nos atrair a Ele está completamente ligado ao amor Dele por nós, ao desejo de felicidade a nós humanos, na intimidade com Ele, ao desejo que o homem regresse às suas origens, origens que ele se afastou, mas que é o seu destino, o seu lugar.

Quando os nossos primeiros pais pecaram e foram expulsos do Paraíso, perderam a eternidade. A eternidade é felicidade plena “com Deus” e nunca sem Deus. Precisamos entender o que João quer nos passar quando diz que Deus é amor. Amor é a palavra que resume todo o bem, toda a beleza e felicidade. Esse é o caráter de Deus, unicamente “bem”. Portanto, qualquer coisa que expressa o mal, e o pecado por ser mal, está em desacordo com Deus, que é bem absoluto. O significado da árvore do bem e do mal está no fato de que os seus frutos podem ser para o bem, ou para o mal, isto quer dizer que ao comerem do fruto proibido por Deus eles passaram a ser capazes de maldade. Ora, Deus havia proibido de comer do fruto da árvore do conhecimento do BEM e do MAL exatamente por isso, para que eles não conhecessem o mal. Quando eles comeram desse fruto eles adquiriram a sabedoria do Criador e se tornaram semelhantes a Deus. Deus já os havia criado na sua imagem e semelhança com Ele, agora eles possuíam também sabedoria semelhante a Deus.

Mas como os primeiros humanos conheceram a maldade, podiam se rebelar como o anjo decaído “lúcifer” e entrarem em competição com Deus, porque se considerariam estar acima do bem e do mal. E isso era gravíssimo porque se autodestruiriam e perderiam para sempre o convívio harmonioso com Deus, se transformariam em inimigos de Deus. Só Deus é o bem absoluto e está acima do bem e do mal e é preciso estar imbuído apenas de bem para viverem a intimidade com Deus. A eternidade que Deus pensou no paraíso não supõe o mal e somente o bem. Já que eles se tornaram capazes de maldade, e já tinham o livre arbítrio, Deus por amor à sua criatura, teve que ser duro com eles  expulsando-os dali para não perderem para sempre a possibilidade de felicidade. Teriam que peregrinar pela terra, viverem do seu trabalho, se esforçar e se sacrificar, enfim lutarem por dias melhores, até aprenderem a ser bons para poderem estar em condições de escolherem apenas o bem, e assim poderem viver no paraíso.

O pecado, que conhecemos como “pecado original”, não está, na verdade na origem do homem já que a sua origem está em Deus, o seu Criador, que é bom por natureza, e sim no instinto para o mal, contrário à natureza de Deus. O instinto para o mal, o homem o adquiriu pela desobediência, que é o mal uso do livre arbítrio.

Desde então a desobediência a Deus constitui-se no grande pecado, porque é um pecado de traição à confiança de Deus, que tem consequências muito sérias e desastrosas ao homem, colocando-o do lado contrário de Deus. Se colocar do lado contrário de Deus é a posição de inimigo de Deus, do demônio.  E este era o maior risco que os primeiros pais corriam permanecendo no paraíso, de se transformarem em inimigos eternos de Deus, como lúcifer, como satanás.

Na verdade Deus precisou ser duro e expulsá-los do paraíso, para manter a harmonia da sua criação, onde o bem tem a superioridade sobre tudo, porque lá está DEUS, o BEM ABSOLUTO. E Deus é incansável e paciente com o homem e como na Parábola do Filho Prodigo (Lucas 15,11-32), aguarda o seu retorno à casa do Pai.

Portanto, foi para preservá-los e à sua descendência que Deus os expulsou do Paraíso. Deu-lhes a oportunidade de reconquistar o que haviam perdido, e para isto foi preciso retirá-los do “Paraíso”, como um tempo, uma chance a mais de poderem por eles mesmos, em liberdade, buscarem o retorno à casa paterna, o Criador. E é por isso que Deus nos concede ter comunhão com Ele. É por isso que a natureza humana tem em si esse ideal de felicidade, que está ligado ao ideal de Deus, manifestado em forma de religiosidade (desejo de Deus), como que para facilitar e nos possibilitar reconquistar o nosso destino feliz. É bom lembrar que nem todos entendem bem isto e acabam por criar embaraços à realização desse ideal de felicidade, criando seus próprios deuses transformando coisas materiais em ideal de felicidade.

Contudo, Deus sempre acompanhou a trajetória do homem lhe alertando para o risco de escolher o mal, porque o mal (o pecado) representa não apenas ausência do bem, porque o bem e o mal sempre se apresentam como escolhas da liberdade. Mas o que é determinante para ser pecado é escolher o mal e rejeitar o bem. E rejeitar o bem é rejeitar Deus que é condenar-se a uma vida sem sentido. E, ainda, o pecado é capaz de levar o homem à morte eterna, ou seja, o rompimento com a vida que só é possível com Deus. Ora, Deus não criou o homem para a condenação eterna, mas para a vida eterna junto Dele. E a maior prova disso é que a sua criatura, é constituída por busca de sentido, sem o qual a vida é nada.

Deus, ao longo da história humana foi lentamente e cuidadosamente se valendo de todos os meios humanos para atraí-lo a Si, porém respeitando a sua liberdade.  E nesse propósito, foi trabalhando no coração do homem, com o sentido religioso, e preparando o mundo para vir pessoalmente ensiná-lo o caminho de volta ao paraíso perdido. Por isso a vinda do Filho Jesus tem a missão principal de tornar conhecido e manifesto o Reino de Deus, para que as gerações pudessem, por escolha própria, fazer parte Dele.

O advento de Cristo é um ato extraordinário de amor extremado de Deus pela sua criatura, o maior milagre do Seu Espírito Santo criando um humano perfeito, igual a Ele em espírito, mas humano, para que pudesse restituir ao homem o que ele havia perdido, a eterna felicidade junto Dele. Por isso a vinda de Jesus está vinculada à salvação do homem, à remissão dos seus pecados para poderem fazer parte do Reino, que Deus quer compartilhar com o homem. Mas a missão de Jesus não se restringe em apenas anunciar o Reino de Deus, está também em preparar a humanidade para ser participante dele. Toda a trajetória de Jesus, bem como o seu comportamento de colocar-Se em oração, e, principalmente a Sua obediência ao Pai, são ensinamentos para aqueles que desejam fazer parte do Reino de Deus.

 

1.    Origens da Insatisfação Humana

Q

uando nossos primeiros pais se afastaram da presença de Deus foram marcados por essa ausência em e seu coração. Podemos imaginar como foi para eles se acostumarem sem a grandiosa presença de Deus e quantas vezes suspiravam para voltar à suas origens para poder novamente estar com o Pai e voltar a desfrutar das alegrias de Sua presença. Isto está bem evidente na Parábola do Filho Pródigo contada por Jesus narrada no Evangelho de Lucas 15, 11-32. Pois bem, esse caráter foi passado a todas as gerações como herança. Por isso temos dentro de nós uma sede de vida e buscamos por todos os meios nos realizar para sermos felizes. E quanto mais a pessoa sofre mais ela sente essa ausência o que é compreensível. Por isso, também no sofrimento existe como que um desígnio de Deus, um chamado para nos voltarmos a Ele, o único que pode nos aliviar e nos satisfazer.

Para chamar a atenção do homem a Si, para o Filho Jesus que viria ao mundo anunciar o Seu Reino de Amor, Deus se valeu da realidade do homem em toda a história: a situação de sofrimento e insatisfações, pelas quais viviam principalmente aqueles que eram excluídos da sociedade da época, e que faziam parte da maioria sofredora. As pessoas de sensibilidade, de corações nobres e livres de apegos, animadas pelo desejo de bem, de justiça e de amor e de indignação diante do mal aderiram a este propósito divino de salvação do destino do homem oferecido por Jesus e continuam aderindo através das gerações em nossos dias.

 

2.    A Expressão da Religiosidade dos Povos Primitivos

O fato é incontestável, e hoje absolutamente verificado pelas pesquisas mais rigorosas, não ter existido até hoje povo algum, civilizado ou bárbaro, sem religião, sem culto ao Ser Supremo. Tem-se provado ultimamente que até o homem pré-histórico, o troglodita da era quartanária e paleolítica, deixou gravados nas cavernas sinais copiosos de sua preocupação religiosa. Nem tiveram confirmação, nem resistiram a exames críticos as notícias relativas a povos sem religião. Pelo contrário, todas as vezes que surgiam hipóteses tais, o resultado era obter-se mais uma prova do consenso unânime, universal, constante, em favor da existência de mais um povo afeiçoado à sua religião.

Estabelecida esta verdade incontestável, afirmada pelos mais escrupulosos antropólogos modernos, já outra refutação se faz no campo histórico das religiões: a precedência do politeísmo  ao monoteísmo.

A tese predileta dos adversários da religião é que esta como tudo o mais, é a resultante do humano desenvolvimento (evolucionismo), com outras palavras: o homem, no princípio, nada sabia de religião; depois, para explicar os fenômenos da natureza (o vento, o relâmpago, e o trovão, o crescimento das plantas e animais, etc.), começou a supor a existência de seres espirituais em toda a parte. Outros dão origens diversas ao politeísmo. Daí, conforme os evolucionistas se desenvolveu a religião, aperfeiçoando-se até a humanidade chegar ao culto ao Ser Supremo, que supera os demais em poder e assim os governa; e, enfim, um passo mais, eis o puro monoteísmo.

Ora, o que se deu foi precisamente o contrário: a humanidade passou do monoteísmo ao politeísmo. Os etnógrafos (os que estudam as raças) e os arqueólogos (os que estudam as antigas origens), mais afamados e conscienciosos colheram dados suficientes que tanto mais puramente monoteístas são os povos mais antigos.

Os semitas, os chineses, os indo-germânicos tinham seu deus supremo. Os egípcios cuja civilização era florescente já 4.000 anos AC, eram monoteístas, posteriormente passaram ao politeísmo.

Uma confirmação que perdura até os nossos dias: entre os bantus da África, mais pura é a ideia de Deus nos ocidentais, justamente mais antigos.

Várias causas influíram na modificação dessas crenças, tornando-se politeístas. Uma delas, foi, sem dúvida, a confusão de nome. Assim, em Mênfis (Egito) havia um deus Rá. O mesmo tinha em Tebas o nome de Amon. Tebas conquistou Mênfis e o chamou Amon-Rá. Séculos depois surgem três deuses: Rá, Amon e Amon-Rá. Exigiria uma longa explicação o complicado processo de como o culto aos mortos e aos astros (necromancia e astrologia), a magia e outros fenômenos engendraram o politeísmo. Bastam os fatos citados contra a famosa tese da precedência do politeísmo, o que, aliás, é insustentável em face do Gênesis

O que, porém, nos interessa é verificar como o politeísmo preparou os povos para a vinda do Messias, ainda que pareça o contrário.

 

2.1. Os Egípcios

Como os outros povos primitivos os egípcios divinizaram as forças da natureza e adoravam a terra, o sol, o céu e o Nilo. O faraó era considerado filho de Râ (o sol) este caráter divino a si atribuído, lhe assegura completa obediência e profunda veneração de todo o povo. Os deuses eram invocados sob diversos nomes, conforme as circunstâncias: Osíris, Tfa, Râ, Amon (o sol); Isis, Ator (a lua); Hórus (o céu).

Adoravam vários animais, sendo célebre o culto prestado ao boi Ápis. Até as plantas e o crocodilo do Nilo receberam honras divinas. Como escreveu Bossuet: No Egito antigo tudo era deus, exceto Deus.

O fragmento de um hino egípcio que data de 2000 a.C., e que dirige ao Nilo como ao Senhor, à origem de todo o viver, diz:

“Gloria a ti, pai da vida Deus secreto,

que surges de trevas ocultas.

Imundas os campos criados pelo Sol.

Sacias os rebanhos.

Dás de beber à terra

Estrada celeste, desces do alto

Amigo das messes, fazes crescer as espigas

Deus que revelas, ilumina as nossas casas”.

 

(CAILLOIS, Roger; LAMBERT, Jean-Clarence. Trésor de la poésie universelle. Paris: Gallimard(UNESCO, 1958, P.160).Texto citado por LUIGGI GIUSSANI, no livro Na Origem da Pretensão Cristã, Companhia Ilimitada, 3ª edição, 2012, p.13.

Também do Egito um hino do século XIV a.C. dirigido a Akhenaton, o Sol, o qual era tido como “Deus” e se fazia o nexo com tudo que é vida:

“Tu dás fruto às entranhas da mulher

colocas a semente no homem

alimentas o filho no seio da mãe

tu, nutriz no seio materno!

(...)

O pintinho no ovo já pia dentro da casca

 E tu lhe dás o respiro para que viva

Quando lhe deres força para rompê-la

Ele sairá, correrá livre.

Como são grandes e numerosas as tuas obras!

Tu, único Deus, nenhum outro a ti se compara!

Criaste a terra segundo o teu desejo,

Tu somente, a terra com os homens e os animais.

(...)

Tu estás no meu coração

E ninguém te conhece, a não ser teu filho, o Rei”.

(ibidem, pp.162-163). Texto citado por LUIGGI GIUSSANI, no livro Na Origem da Pretensão Cristã, Companhia Ilimitada, 3ª edição, 2012, p.13.

 

2.2.     Os Assírios e Caldeus

Denominava-se MESOPOTÂMIA a região compreendida entre os rios Tigre e o Eufrates e especificamente a parte superior. Mesopotâmia é uma palavra grega que quer dizer: região entre rios. Chamava-se CALDEIA e BABILÔNIA a região situada às margens do baixo Eufrates até o golfo Pérsico. A ASSIRIA ocupa as duas ribas do alto Tigre e é montanhosa, sendo a Mesopotâmia, a Caldéia e a Babilônia, geralmente planas. Estas regiões se identificam hoje com o IRAQUE. Cada um dos rios teve a sua cidade histórica e bíblica:  Babilônia – o Eufrates; Nínive – o Tigre. Tiham diversos deuses, praticavam advinhações e astrologia.

 

2.3.     Os Fenícios

Mistura de semitas e camitas, o povo fenício habitava, ao norte da palestina e a oeste da síria, entre as montanhas do Líbano e o mar mediterrâneo. Os fenícios foram na antiguidade a primeira potência marítima. As principais cidades estavam situadas no litoral: Sidon, primeira capital, citadas por Jesus nos Evangelhos bem como tiro, que foi depois a cidade mais importante, a rainha da fenícia, Arado, Biblos e Berito (hoje Beirute). A antiga fenícia é hoje o Líbano. Adoravam o deus baal e a deusa astarteia (vênus) além de outros deuses. Era o politeísmo sob forma grosseira e cruel, admitindo os sacrifícios humanos, de crianças queimadas vivas em honra de baal-moloc. O culto não era só cruel, mas também, imoral.

                              

2.4.      Os Medos e Partas (Pérsia)

A doutrina conservada pelos magos ou sacerdotes é um dualismo, segundo o qual o mundo é o campo de batalha em que lutam dois formidáveis princípios opostos: o BEM (Divinizado em ORMUZ); o MAL (Personificado em ARIMAN). O legislador religioso dos persas foi ZOROASTRO ou ZARATUSTRA. O livro sagrado é o ZEND-AVESTA.

Os magos desenvolveram adoração dos astros e do fogo. Nos nossos dias esta religião é ainda praticada na Índia pelos guébros e pársis. Os medos-persas desenvolveram também o estudo da astrologia ao lado da astronomia. A antiga região da Media e Pérsia equivalem hoje ao IRAN dos Aiatolás, cuja religião é o Islamismo Xiita (radical).

O dualismo medo-persa infiltrou suas raízes em certa época no cristianismo, criando a base daquilo que viria a ser chamado mais tarde de MANIQUEÍSMO. O maniqueísmo ou doutrina de MANI deu muito trabalho aos teólogos católicos e tirou o sossego de Santo Agostinho, que muito o combateu, embora que, por ignorância tivesse seguido em sua juventude as doutrinas falsas deste mesmo maniqueísmo. Muitas pessoas hoje, mesmo católicos, inseguros ou ignorantes de sua fé seguem dualistas, dando o mesmo poder ao bem e o mal. É como diz o nosso povo em sua sabedoria simples: “Acendem uma vela para Deus e outra para o demônio, por garantia.”

Como informação, há indícios de que a pregação do Evangelho de Jesus, em seu início, entre os medos e partas, que habitavam a Pérsia foi feita pelo Apóstolo Tomé. Há também indícios de que tenha levado o Evangelho à Índia, segundo as pistas encontradas por são Francisco Xavier no século XVI. 

2.5.          Os Indianos

Povo manso, paciente, avesso a fazer o mal aos próprios animais, o povo indiano foi sempre amante da contemplação (meditação profunda) e das especulações metafísicas (metafísica – doutrina da essência das coisas; conhecimento das causas primeiras ou motoras; primeiros princípios; origens das causas e consequências; inventário sistemático dos conhecimentos provenientes da RAZÃO PURA; teoria das ideias).

Religião praticada: Védica;  Bramânica;  Búdica

O BRAMANISMO adoravam as forças da natureza e eram todos subordinados a Brama que era trinitário: criador/conservador, destruidor e regenerador. Admitiam migração das almas (base do reencarnacionalismo espírita – Kardecista). Seis ou sete séculos antes de Cristo, o Bramanismo sofreu um grande abalo com a doutrina revolucionária de BUDA, que pregou a igualdade e a abolição das castas. Houve lutas e terrível reação dos partidários do bramanismo. Havia a distinção de castas (classes), o que ainda hoje é praticado.

O BUDISMO também ainda é praticado: declarava a igualdade dos homens, sem distinção de castas, admitindo até os estrangeiros. Introduzida na China, em época incerta, invadiu o Nepal, o Tibé, a Coréia e o Japão. Hoje conta com milhões de adeptos. Todavia, tendo nascido na Índia, o budismo de lá desapareceu, exceto no Ceilão (Sri Lanca).

Buda aconselhava seis perfeições: a  ciência, a energia, a paciência, a caridade, a esmola. O bem supremo é o NIRVANA, ou repouso absoluto. Buda não prega nenhum deus. Os rituais de culto se desenvolveram mais tarde.

2.6.     Os Chineses

         O comunismo foi introduzido na China em 1949. Até então coexistiam três cultos diferentes: O culto de Yu; Confucionismo; o culto de Láo-tse – Taoísmo; o culto de Fó – Budismo.

 

O Culto de YU: Este culto bem antigo na China, foi restaurado por CONFÚCIO (KUNG-FU-TSEU) admite uma noção vaga de um Ser supremo. É antes moral prática do que propriamente sistema religioso, recomendando piedade filial, respeito aos velhos, veneração aos mortos, a humanidade e a justiça. Sistematizado por Confúcio, este culto contém uma doutrina de profundo conteúdo filosófico. COFÚCIO viveu de 551 a 479 AC. Em 213 aC. todas as obras clássicas deste mestre da moral chinesa foram queimados por ordem de Shih-Huang-Ti, da dinastia Shin. Em 58 AC o imperador Ming da dinastia Han decretou a construção de capelas destinadas a CONFÚCIO em todas a escolas da China.

O culto RAO-TSÉ: Foi fundado por LAO-TSEU e ficou conhecido por TAOÍSMO, é uma doutrina metafísica, mas que aos poucos degenerou numa espécie de politeísmo. Surgiu por volta de 600 AC.

O culto de FÓ: FÓ é personagem lendária, que teria introduzido o Budismo na China em época incerta, talvez o próprio Buda, conforme opinião de alguns. O Budismo foi visto sumariamente conforme acima.

O chinês é positivo e lhe falta a tendência idealista criadora da arte. Em nenhuma parte do mundo a família é mais respeitada do que na China, nem mais forte o vínculo da paternidade. Isso explica em parte, porque por tantos séculos lograram os chineses manter quase inalterada a tradição; mas também os conservou isolados e estranhos ao resto do mundo. O viajante veneziano Marco Pólo levou, no século XIII, os primeiros toques de evangelização à China. Hoje há muitos santos mártires chineses.

 

2.7.     Os Gregos

 

         Além do culto dos antepassados e dos heróis, próprios ao princípio de cada família, tiveram os gregos um culto público, em que eram tributadas honras aos grandes deuses. A imaginação helênica (grega) divinizou as várias forças da natureza, em suas múltiplas manifestações; e no céu, na terra, no oceano, nos campos, nas florestas, e por toda a parte, habitavam deuses e deusas, uns bondosos, outros terríveis, todos poderosos. Foram os gregos, portanto politeístas, não, porém do mesmo modo que os povos do oriente. As divindades que a população da Hélada (Grécia) adorava tinham sentimentos e paixões, bem como vícios iguais aos homens; como os homens eram sujeitas à inveja; habitavam em palácios esplêndidos, no Olimpo; nutriam-se com ambrósia e bebiam o néctar; gozavam de perpétua juventude e eram imortais. Eis aqui, aquilo que chamamos de POLITEÍSMO ANTROPOMÓRFICO, em que os deuses são representados sob forma humana. É preciso notar que cada cidade tinha seus deuses próprios locais. A minerva de Atenas não era a mesma de Esparto. O Júpter de uma cidade não se confundia com o de outra.

Doze deuses principais personificavam os elementos da natureza e diversas ideias morais e nove divindades secundárias, que se prestavam a proteger as artes e as ciências.

Acreditavam que os deuses, sendo consultados, respondiam por meio das sacerdotisas ou PITONISAS, intérpretes dos oráculos dos deuses, em certos lugares célebres. Os oráculos eram sempre feitos de tal forma, que se prestavam a diversas interpretações; em resumo, nunca as sabia ao certo o que os deuses disseram. O oráculo mais célebre é o DELFOS.

Mostram as lendas (mitologias) que os gregos acreditavam na vida após a morte: os TÁRTAROS eram o lugar de suplício para os condenados. Os CAMPOS ELÍSEOS eram uma espécie de paraíso para os bons.

Acima dos deuses, superior ao próprio Júpiter colocava o DESTINO ou MOIRA, necessidade inelutável, força a quem ninguém podia escapar.

2.8.         Os Romanos

          Em Roma, como na Grécia, encontramos, além do culto de divindades próprias de cada lar, de cada família, de cada GENS, considerável número de deuses e deusas superiores, cujo culto estava a cargo de confrarias religiosas e do colégio dos pontífices, cuja fundação é atribuída a Numa Pompílio (primeiro rei de Roma depois do fundador Rômulo e seu irmão Remo, cerca de 700 a.C). No período da realeza (de 753 a 509 a.C) eram os reis que presidiam o colégio dos pontífices; mais tarde coube tal função ao PONTIFEX MAXIMUS ou sumo pontífice, com permanência vitalícia, e era como que verdadeiro chefe de religião. Os AUGURES, os AUSPICES, os ARÚSPICES prediziam o futuro, já pelo canto, já pelo voo das aves, ou então pelo exame das entranhas das vítimas oferecidas em sacrifício. Os FECIAIS eram encarregados de declarar a guerra e celebrar a paz. As VESTAIS velavam pela conservação do fogo sagrado que ardia em honra à VESTA, protetora de Estado de Roma; e obrigada a conservar a virgindade e gozavam de muita consideração. Os grandes deuses eram: Jano, Júpiter, Juno, Minerva, Céres, Venus, Marte, Mercúrio, Netuno, Vulcano, Apolo, Vesta, Saturno (os mesmos deuses dos gregos mas com nomes latinos). Diferentes virtudes e forças morais foram divinizadas: a Piedade, a Boa Fé, a Paz, a Fortuna.

Os Romanos nunca se elevaram a altas cogitações teológicas. Para eles a parte mais importante da religião era o CULTO: entre os deuses e os fiéis havia como que um contrato, oferecendo os homens sacrifícios às divindades e estas em troca protegendo os homens. Imolavam-se animais nas cerimônias de culto, ou então com mais frequência, ofereciam-se libações de vinho, ofertas de bolos, etc. Havia alguns dias consagrados ao culto e muitos feriados religiosos. Os Romanos eram muito supersticiosos; os mortos eram levados ao subsolo e depositados em túmulos com inscrições, ao longo de galerias sobrepostas (vários pavimentos) denominados CATACUMBAS. Os funerais eram feito à noite por associações religiosas próprias.

A religião primitiva dos Romanos sofreu muitas alterações com a importação de divindades estrangeiras. Por fim o PANTEON, grande templo de Roma, chegou a conter uns trinta mil deuses. A diferença que se viu mais tarde no fato de os Romanos vieram a aceitar normalmente o Deus dos judeus mas não aceitaram o Deus dos cristãos é esta: os cristãos não se submetiam ao culto divino dirigido a pessoa do Imperador (César), ao passo que os judeus (de Roma somente), faziam vistas largas às suas próprias proibições legais e davam jeito de se saírem bem, sem ofender à divindade de César. Dinheiro, influências e intrigas faziam abrandar as exigências dos Romanos com relação ao dever de sacrificar aos ídolos. Já para os cristãos convictos as punições foram severas. Esta situação passou a existir a partir da primeira perseguição aos cristãos, ordenada por Nero por volta do ano 64 a 68 da Era Cristã. Antes desta data não houve por parte de Roma nenhuma hostilidade contra os cristãos. Estas surgiram por intrigas judaicas na corte de Nero.

 

 

CONCLUSÃO

O fato religioso, como vimos, é inerente da pessoa humana. Consciente ou inconscientemente o homem, em todos os tempos busca por algo, um ser superior que lhe possa responder às indagações da alma. A relação de dependência da criatura ao seu Criador faz emergir na criatura a religiosidade como um caráter de sua personalidade, uma marca do seu criador.

Historicamente pode ser observado manifestações religiosas em todas as partes do mundo, mas no milênio que antecedeu a vinda de Cristo as manifestações se fizeram de forma mais marcante, principalmente em meados do milênio em torno de 700 a.C, além do fato de que havia no mundo uma situação de decadência com injustiças tal que os números dos sofredores inocentes das classes subalternas chegava o seu ápice e clamava por justiça.

O mundo intelectual também deu os seus sinais com os questionamentos dos filósofos a respeito dos deuses pagãos, que de nada serviam para amenizar as injustiças sociais pelas quais viviam as classes menos favorecidas.

Assim, no mundo judaico, paralelamente surgiram os profetas anunciando a vinda do Messias, que viria responder às suas urgentes necessidades de justiça.

Todos esses acontecimentos apontam que o dedo de Deus estava por trás, tecendo a história e preparando o mundo para a vinda do Seu Filho Jesus Cristo. 




 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


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